sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Como deixar mulheres mais 'facinhas' nas festas

Pouco mais de um mês depois de uma adolescente ter bebido demais e ter sido estuprada numa festa, e ainda ter sua imagem exposta na Internet no momento do crime, a Playboy tem a infelicidade de publicar (e a Yahoo a dupla infelicidade de repassar) a lista: “as 10 bebidas que deixam as mulheres mais ‘facinhas’”.

Sem falar que em ocasião do estupro da adolescente, um monte de gente comentava as notícias dizendo que “quem mandou beber demais”? Como se uma mulher não tivesse o direito de beber sem ter o risco de ser estuprada. Como se o homem tivesse o direito de se aproveitar dela, porque ela não “se deu ao respeito e vacilou”.

Imundo, nojento e legitimador da violência contra a mulher. E vocês homens, caso bebam demais em algum lugar e sejam violentados, denunciem. Todos nós temos o direito de escolher sobre nossos corpos. Beber não é razão para ser estuprado.


Abaixo, a notícia publicada no Yahoo. E um recadinho para a empresa: adoro o e-mail de vcs e os grupos, mas desta vez vacilaram feio. ':(

E a propósito, não encarem o fato de eu publicar aqui como uma tripla infelicidade. Apenas tenho medo que a página saia do ar e algum leitor não entenda de que estou falando.

As 10 bebidas que deixam as mulheres mais ‘facinhas’

Ter, 09 Dez, 04h48
Por Redação Yahoo! Brasil

Você está super a fim daquela menina e não sabe o que fazer para conquistá-la e roubar um beijo dela? Segundo a revista 'Playboy' dos Estados Unidos, a tequila é a bebida que deixam as mulheres mais 'facinhas' na hora da conquista. A publicação elaborou uma pesquisa com 860 garotas americanas, para mostrar como a bebida que elas escolhem no bar influi nas chances de a noite terminar em sexo.
Veja na lista a porcentagem de cada bebida que foi consumida pela mulherada e avalie se faz sentido elas terem cedido tão facilmente à 'cantada' dos homens, afinal quem não perde a cabeça quando toma umas doses de tequila ou uísque a mais?:


1º - Tequila (91%)
2º - Vodca (79%)
3º - Uísque (68%)
4º - Gim (67%)
5º - Rum (62%)
6º - Cerveja (48%)
7º - Conhaque (46%)
8º - Champanhe (23%)
9º - Vinho tinto (12%)
10º - Vinho branco (9%)


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O blog está bastante desatualizado e peço desculpas por isso. Como as últimas semanas foram bastante agitadas por causa das provas finais da Faculdade, acabei não colocando posts. Mas muito em breve estou de volta, para comentar o que achei do livro sobre a Rosa Luxemburgo que li. E já estou lendo outro sobre ela!

Outra coisinha é que estou pensando em criar um novo blog, mais pessoal e leve. Na verdade, penso em migrar o Sherviajando, que era uma espécie de diário virtual, para cá. Então, aguardem...

Um abraço em tod@as!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lua nova demais

Dorme tensa a pequena
sozinha como que suspensa no céu
Vira mulher sem saber
sem brinco, sem pulseira,
sem anel,
sem espelho, sem conselho,
laço de cabelo, bambolê
Sem mãe perto,
sem pai certo
sem cama certa,
sem coberta, vira mulher com medo,vira mulher sempre cedo.

Menina de enredo triste,
dedo em riste,
contra o que não sabe
quanto ao que ninguém lhe disse.
A malandragem, a molequice
se misturam aos peitinhos novos
furando a roupa de garoto que lhe dão dentro da qual mestruará
sempre com a mesma calcinha,
sem absorvente, sem escova de dente,
sem pano quente, sem OB.
Tudo é nojo, medo,
misturação de “cadês.”

E a cólica,
a dor de cabeça,
é sempre a mesma merda,
a mesma dor,
de não ter colo,
parque, pracinha,
penteadeira, pátria.
Ela lua pequenininha
não tem batom, planeta, caneta,
diário, hemisfério,
Sem entender seu mistério,
ela luta até dormir
mas é menina ainda;
chupa o dedo
E tem medo
de ser estuprada
pêlos bêbados mendigos do Aterro
tem medo de ser machucada, medo.
Depois mestrua e muda de medo
o de ser engravidada, emprenhada,na noite do mesmo Aterro.
Tem medo do pai desse filho ser preso,
tem medo, medo
Ela que nunca pode ser ela direito,
ela que nem ensaiou o jeito com a boneca
vai ter que ser mãe depressa na calçada
ter filho sem pensar, ter filho por azar
ser mãe e vítima
Ter filho pra doer,pra bater,pra abandonar.

Se dorme, dorme nada,
é o corpo que se larga,
que se rende
ao cansaço da fome, da miséria,
da mágoa deslavada
dorme de boca fechada,
olhos abertos,
vagina trancada.
Ser ela assim na rua
é estar sempre por ser atropelada
pelo pau sem dono
dos outros meninos-homens sofridos,
do louco varrido,
pela polícia mascarada.

Fosse ela cuidada,
tivesse abrigo onde dormir,
caminho onde ir,
roupa lavada, escola,
manicure, máquina de costura,
bordado,
pintura, teatro, abraço,
casaco de lã podia borralheira
acordar um dia
cidadã.
Sonha quem cante pra ela:
“Se essa Lua, Se essa Lua fosse minha...”
Sonha em ser amada,
ter Natal, filhos felizes,
marido, vestido,
pagode sábado no quintal.

Sonha e acorda mal
porque menina na rua,
é muito nova
é lua pequena demais
é ser só cratera, só buracos,
sem pele, desprotegida, destratada
pela vida crua
É estar sozinha, cheia de perguntas
sem resposta
sempre exposta, pobre lua
É ser menina-mulher com frio
mas sempre nua.

Elisa Lucinda - Eu te amo e suas estréias - Editora Record, 1995

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Blog do Projeto Sagas - GRAB

Criei um novo blog para meu estágio no Grupo Resistência Asa Branca - GRAB. O blog é sobre as atividades do Sobre Nós: Diálogos e Sexualidades, que são atividades de prevenção, discussão sobre homofobia e auto-afirmação. As ações são voltadas a jovens homens gays e HSH (homens que fazem sexo com homens, mas que não se consideram homossexuais).

Nesse blog serão divulgadas as atividades do projeto e textos dos próprios participantes. Visitem!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Projeto de Lei combate ditadura da magreza


Foi aprovado um projeto de lei no Senado que prevê o veto a modelos excessivamente magras em desfiles ou produtos publicitários. Imagens de mulheres com Índice de Massa Corpórea inferior a 18 não poderão ser exibidas e os infratores poderão pagar multas de 1 mil até 5 milhões de reais. Responderão pelo delito “os promotores de eventos e seus patrocinadores, as agências e recrutadores, bem como os órgãos de comunicação que veicularem as imagens.”

O projeto de lei foi aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado, nesta quarta-feira, 5 de novembro. Agora vai passar pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde será sancionada, promulgada ou arquivada. Após a tomada da decisão, só será votado em plenária no Senado se pelo menos nove senadores apresentarem uma carta ao presidente da Casa (tentei traduzir do site do Senado, espero ter conseguido).

O terror da anorexia

A anorexia é uma doença que se caracteriza por levar a(o) paciente a rejeitar qualquer tipo de alimentação numa busca desenfreada pela magreza. Nesse processo, a pessoa tem uma visão deturpada do próprio corpo, sempre considerando-se gorda apesar de um possível estado de desnutrição. Daí acaba recorrendo a dietas e formas de perder o apetite.

Em 2006, a modelo Ana Carolina Reston (acima) morreu aos 21 anos, devido a complicações causadas pela anorexia. Medindo 1,70m a modelo chegou a pesar 42kg. Meses após sua morte, o senador Gerson Camata deu entrada no projeto de lei.

A imagem de modelos excessivamente magras, as constantes veiculações da idéia de que “ser magra é o que há” junto à grande indústria de produtos dietéticos, promovem um terrorismo simbólico que atinge principalmente as mulheres. E isso cada vez mais cedo, pois os ícones teens e também os produtos culturais voltado a adolescentes pregam demais essa indústria da magreza.


Apesar de o IMC não ser uma forma exata de saber se uma pessoa é saudável ou não, essa lei é um grande passo para um tratamento menos leviano da imagem feminina através da mídia. Um tratamento que até aqui tem causado baixa auto-estima em mulheres saudáveis ou acima do peso, além de submeter as pessoas à busca de padrões doentios de beleza.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

'Amélia já era' entre os cinco mais

Este blog foi criado para a disciplina de jornalismo digital do curso de Jornalismo da FIC (isso não significa que ele seja feito só com intuito de ganhar nota e muito menos que vá acabar com o fim da disciplina). Hoje a nossa professora fez o ranking dos blogs destaque da semana, e o Amélia já era! entrou!

Os 5+
(não está por ordem de classificação)

www.bizarricesdomundo.blogspot.com
www.blogcaramba.blogspot.com
www.vitaminacinema.blogspot.com
www.jorntv.blogspot.com
www.ameliajaera.blogspot.com (conhece?)

Mulheres cearenses morrem por "amor"




A matéria de capa do Diário do Nordeste de ontem aborda as estatísticas relacionadas à morte violenta de mulheres no Ceará, que em 2008 já somam 77. Sem surpresa nenhuma, a maioria dos crimes é passional, totalizando 48 somente este ano.

Apesar de não citar o já saturado caso da Eloá, a demanda já pedia uma matéria assim há bastante tempo. Como já comentei aqui, quase todos os dias sai uma notícia sobre um assassinato por crime passional. Só que acho que a matéria poderia ter aprofundado um pouco mais, o repórter poderia ter conversado com especialistas, sociólogos, mulheres feministas, etc. Ao invés disso, trata-se basicamente de uma retrospectiva dos assassinatos mais recentes. O assunto poderia ter sido melhor trabalhado. Mas pelo menos é primeira página, né?
Um detalhe interessante é que em boa parte dos casos citados na matéria, o assassino tentou suicídio após efetuar o crime.

E só para pontuar, a estatística subiu. De acordo com o site do Diário do Nordeste, ontem à noite o PM Luciano Monteiro da Silva, 46 matou a esposa Maria Erineuza Oliveira de Araújo, 31 com nove tiros. Em seguida ele tentou suicídio e está internado sob escolta.


sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.


Clarice Lispector

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Morte de Eloá: Mais um acaso de violência contra a mulher

E enfim é enterrada a jovem Eloá, 15, assassinada pelo ex-namorado. Mantida refém em sua própria casa, Eloá foi vítima do chamado "crime passional", que é quando a vítima é morta por 'amor' ou 'ciúme'. O que nesses casos as pessoas chamam de 'amor', eu chamo de sentimento de posse.

Apesar de algumas pessoas acharem que isso é paranóia de feminista, o caso de Eloá e tantos outros que acontecem, refletem sim o machismo e o patriarcado. Várias(os) amigas(os) com quem conversei disseram que isso não tem nada a ver, que mulher também dá xilique quando não quer teminar namoro. Mas isso é uma forma muito superficial de ver as coisas. Para mim, é a violência contra a mulher na sua face mais primitiva.

Estou fazendo uma seleção de matérias para a ong em que faço estágio. Todos os dias vejo os jornais 'Diário do Nordeste' e 'O Povo' (o site está fora do ar, por isso sem link), e toda semana (quase todos os dias, para dizer a verdade) sai uma notícia de uma mulher assassinada ou agredida por um homem com quem manteve relacionamento. Ou então, é caso de ciúme ou de rejeição. A grande maioria das notícias são publicadas no cadernos sobre o interior do estado do Ceará.

Isso não pode ser coincidência. Basta parar e refletir sobre a cultura machista e no teor violento das relações de gênero. O menino é criado para não ser 'besta', não levar desaforo para casa, se fugir de uma briga na escola, é logo taxado de 'bicha'. Nos programas de humor, o homem traído é sempre ridicularizado com a velha história da honra ferida. Já a mulher que trai é a vagabunda, a fatal. A que merece apanhar.

Homens que agridem mulheres(verbalmente ou fisicamente) por ciúme são o tipo que acreditam que elas "não têm o direito de terminar", que "se não for comigo não é com mais ninguém", etc. É o tipo de homem que vê a mulher como propriedade sua, como rebanho. E a sociedade legitima isso quando repassa esses valores para seus filhos.

Eloá foi a única?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Colunista da Trip pede desculpas por estuprar empregada

Após a publicação de "Carta aberta para Luisa", o site da revista recebeu centenas de comentários furiosos de mulheres que se sentiram violentadas moralmente pelo texto. E com razão.



Em tom "bem-humorado", o colunista Henrique Goldman, 46, radicado em Londres, publicou na revista Trip um texto em que conta como, aos 14 anos, transou com sua empregada contra a vontade dela. O texto foi publicado na na edição 170, de 29 de setembro.

A palavra estupro não é utilizada em nenhum momento, mas trechos como "Você não queria, mas por força da nossa insistência acabou cedendo. Sinto ódio do Brasil quando penso que você provavelmente tivesse medo de perder o emprego" mostram que tratou-se de violência sexual. Porque estupro não é apenas quando a vítima é amordaçada e espancada.

Henrique Godman teria "insistido" para que a empregada inocente, pobre, tímida e de seios fartos transasse com ele e um amigo de 16 anos. Aliás, esse teria sido convidado por ser mais forte e "corajoso" e foi quem primeiro "deu o bote".

Ao final da carta, o colunista pede desculpas pelo crime cometido há 32 anos atrás, banalizando o ocorrido "Espero que você esteja bem. Espero que para você a memória daquela tarde não seja tão ruim e que você hoje possa rir do que aconteceu". Até consigo imaginar a pobre Luisa rindo...

Após o recebimento de centenas de comentários indignados, a revista publicou junto ao texto uma nota alegando que trata-se de um texto ficcional e que a publicação "considera inaceitável qualquer forma de assédio ou violência sexual".

O próprio Henrique também coloca uma nota em que afirma que nunca estuprou ninguém e que seu único crime foi ter escrito um texto sem deixar claro que era ficcional.

Uma petição on-line exige retratação pública da revista Trip e do colunista Henrique Goldman. O documento está sendo organizado por diversos movimentos sociais (principalmente feministas) e será entregue à revista na sexta-feira, 15 de outubro.

A revista Trip é uma publicação voltada para o público masculino e hetero, e costuma publicar mensalmente fotos de mulheres nuas ou semi-nuas (inclusive funcionárias da própria revista).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Tão pessoal...



Posso ainda estar longe de ser livre
Não ser tão segura de mim.
Ainda busco respostas em outras pessoas – setas para meus caminhos.

E a angústia que acompanha
A dúvida e o medo dos julgamentos
É como uma droga que perturba
Injeta adrenalina
Acelera a pulsação
Pinica, faz sangrar.

Mas é essa fada demoníaca
Que me mostra
Que ser livre é um processo.

E por estar nesse processo, sorrio.
Olho para trás e percebo
Que saí do marasmo.
Abandonei a paz cega.
Me volto para a frente e caminho
Forte e altiva.
Feliz e furiosa.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sem título, sem rima

Ô coisa difícil é pensar!
É um tal de reclamar,
dizer que tudo tá errado,
Ver problema em todo canto.

Isso é paranóia!
Coisa de gente frustrada,
de gente do contra,
de quem não tem o que fazer!

E quando a gente pensa,
a gente se cansa.
A cabeça dói,
não dá prá dormir.

Ô vontade de deixar prá depois,
deixar tudo como está.
Deixar prá lá.

É mais fácil fingir que não viu - e era prá ser difícil?
Porque é tão difícil pensar - mas era prá ser fácil?

E o pior
é que eu amo essa confusão!
Quero me afogar nela!

E que venha a insônia,
a dor de cabeça,
eu quero mais é beber das minhas dúvidas.

Porque eu gosto dessa coceira.
Eu gosto é da ressaca!

E não me importa que as respostas estejam longe
Porque eu não vim prá dizer "sim".
Eu vim prá dizer: "por que?"

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Legalização do aborto - Direito ao corpo

Fonte da imagem: http://direitoaopropriocorpo.blogspot.com/


No dia 28 de setembro é celebrado o dia internacional de luta pela legalização do aborto. O dia é marcado por lutas e manifestações de movimentos feministas e outros movimentos sociais. A causa garante liberdade de escolha às mulheres, e autonomia e desligamento de ideologias religiosas num estado laico. Ai, como eu tenho raiva de como se fazem reportagens sobre o aborto! A mídia entrevista mais padres do que mulheres!




O Estado é laico! Não somos obrigadas a agir conforme a religião de ninguém!




Numa enquete publicada neste blog 3 pessoas votaram, e a maioria (2) disse sim à legalização do aborto. Continuem participando das enquetes!


12 razões para legalizar o aborto

1 . ELA GARANTE A AUTONOMIA DAS MULHERES, respeitando sua capacidade de pensar, decidir e agir de acordo com seus próprios valores e concepções e considera que elas podem fazer isto de forma responsável e ética.


2. SÃO MUITOS OS MOTIVOS QUE LEVAM UMA MULHER A ABORTAR: não se sentir preparada para ser mãe; ter sido abandonada pelo "companheiro"; porque perderá o emprego; porque será expulsa de casa; por não ter como sustentar mais uma criança; porque engravidou de um estupro no casamento ou porque não quer ter filhos/as. Seja qual for o motivo, não cabe à sociedade, a Igreja, a mídia ou qualquer outra instituição julgá-la e muito menos condená-la.


3. A CRIMINALIZAÇÃO NÃO IMPEDE AS MULHERES DE ABORTAR. Quando uma mulher se vê diante de uma gravidez que ela não deseja ou que, por algum motivo, não pode manter, ela aborta de qualquer jeito, mesmo correndo risco de morte: tomando chás, xaropadas, se perfurando com agulhas, arames ou outro objeto qualquer.


4. O ABORTO É HOJE UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA. Devido ao grande número de mulheres que faz aborto na clandestinidade, no Brasil, o aborto é a quarta causa de morte materna e o responsável por inúmeros casos de esterilização e outras complicações.


5. A CRIMINALIZAÇÃO MANTÉM UMA SITUAÇÃO DE PRIVILÉGIO. As mulheres ricas
(geralmente brancas) têm como pagar uma boa clínica para fazer um aborto rápido e seguro. Já as demais (geralmente pobres, jovens e negras) têm que se submeter a procedimentos inseguros que colocam sua vida em risco.


6. NENHUM MÉTODO ANTICONCEPCIONAL É 100% SEGURO. Todos os métodos hoje
disponíveis podem falhar, levando mulheres a uma gravidez inesperada. Até a vasectomia, o
método mais seguro, falha em 5% dos casos. Assim, qualquer mulher que tiver uma relação sexual pode se ver diante de uma gravidez que ela pode querer ou não levar adiante.


7. A CRIMINALIZAÇÃO EXPRESSA UMA CULTURA MACHISTA. Nenhuma mulher engravida
sozinha, mas os homens não são responsabilizados pela gravidez nem por evitá-la. Esta responsabilidade é imputada somente às mulheres e só elas arcam com as conseqüências.


8. NÃO HÁ DEFINIÇÃO CERTA DE QUANDO COMEÇA A 'VIDA'. Inúmeras teorias tentam explicar quando começa a vida humana, mas nenhuma delas é consenso ou está plenamente comprovada. Dessa forma, nenhuma delas, mesmo que defendida por instituições religiosas, deve interferir nas políticas públicas ou sobre o corpo das mulheres.


9. A ILEGALIDADE CONDENA AS MULHERES A MORTE E A MALTRATOS. Tanto as mulheres que abortam espontaneamente como as que provocam o aborto, quando chegam a um serviço público de saúde com abortamento em curso ou um sangramento vaginal qualquer, são tratadas como criminosas. São maltratadas, humilhadas, massacradas e até presas injustamente.


10. A MATERNIDADE É UM DIREITO E NÃO UMA OBRIGAÇÃO. Para a maioria das mulheres a maternidade é muita esperada e desejada, por isso, ela deve ser um ato voluntário, de liberdade e de amor. Obrigar uma mulher a levar adiante uma gravidez que ela não deseja é tornar a maternidade algo vil, menor, desprovido de amor e carinho.


11. LEGALIZAR O ABORTO NÃO OBRIGA NENHUMA MULHER A PRATICÁ-LO. Apenas garante o direito das mulheres de fazê-lo, definindo em que circunstâncias, em que período da gravidez, onde e quem (que profissional) pode fazer o procedimento.


12. O ESTADO BRASILEIRO É LAICO. Em uma sociedade democrática, o Estado laico significa a
separação entre poder político e as instituições religiosas, e a não admissão de interferência direta de um determinado poder religioso nas questões do Estado. Sendo o Estado brasileiro laico, este não pode determinar suas leis mediante qualquer convicção religiosa.


Fonte: Fórum cearense de mulheres

domingo, 14 de setembro de 2008

Domingão do Faustão - Quem aguenta chegar lá?

Violência não é só bater



Acaba de terminar o quadro "Quem chega lá?" onde os humoristas precisam conseguir ficar por um determinado tempo no palco, sem serem eliminados pela falta de risadas da platéia.

Durante todo tempo de quadro, uma infinidade de piadas homofóbicas e machistas. De travesti, de "desenho gay" , de mulher feia e mulher bonita...

A pérola do domingo passado: "Sabe aquela mulher que se não fosse gorda, era perfeita?"
E uma horrível, deste domingo: "Por isso o Ronaldinho anda engordando desse jeito! É de tanto consumir gordura trans!" (um trocadilho com transexual, por causa daquela caso com travestis)

Triste retrato de nossos humoristas que ainda precisam reforçar preconceitos e diminuir as pessoas, porque não sabem fazer humor de outra forma. E o Faustão (em bom cearensês) se abre, a platéia cai na gargalhada e depois sai na rua lutando contra o preconceito...

Agora a pergunta: Porque que o João Kleber cai, mas o Faustão não cai? Globo, meu bem. Globo!

E eu fico com o Rappa: "Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo/procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido"

Capricho de setembro traz adolescente que foi obrigada a fazer dieta

Mas que tipo de padrões são reforçados pela revista?



Uma matéria da revista Capricho da primeira quinzena deste mês me chamou a atenção: "Minha mãe faz pressão para eu emagrecer". A matéria era anunciada na capa da revista e é parte da sessão "Vida real", onde uma garota conta uma história não-fictícia sobre sua vida.

A matéria fala sobre uma garota que se sente bem com seu corpo mas que vive fazendo dietas por insistência da própria mãe. Por causa disso, acabou desenvolvendo distúrbios alimentares já superados por sessões de terapia.

No texto, há alertas para que as meninas tomem cuidado com a própria saúde, inclusive dando dicas sobre como agir caso passem por situações semelhantes. Além disso passa uma mensagem super "sinta-se bem como você é".

Em compensação...

Nas outras matérias (principalmente as de moda), as modelos são magérrimas, bem ao estilo musas da anorexia. Além disso, toda a publicidade (que ocupa uma porcentagem enorme na revista) reforça o padrão de beleza ditador das passarelas. As matérias que falam de dietas, sempre alertam para procurar um nutricionista e fazer o IMC (índice de massa corpórea) para verificar se realmente a pessoa precisa perder peso. Só que todas reforçam o padrão magro.

A matéria de destaque na capa "O jeans perfeito", fala da escolha certa para cada tipo de corpo. Aí cita as mais "cheinhas", mas as modelos com esse tipo de corpo não ilustram quaisquer outras sessões, matérias ou propagandas na revista.

É notável que esse tipo de padrão é muito reforçado e que a mídia bombardeia as jovens mulheres com essa mensagem. A produção cultural voltada ao público feminino adolescente, vende a mensagem rosa, magra e consumista. Você pode até ter uma personagem gordinha querida por todos e tal. Mas quando ela será a protagonista? Ou quando ela deixará de ser a única com esse biotipo em toda a trama das novelas adolescentes?


Mas nem tudo é ruim

Uma das matérias fala sobre os diferentes tipos de família, inclusive uma onde a menina tem duas mães. Achei muito bacana e construtivo. E as ilustrações são lindas!

E nessas revistas gosto muito das sessões que abordam sexualidade e prevenção. As informações são claras e têm sempre apoio profissional. Lembro que quando eu era adolescente, lia todas e sempre tive a prevenção como uma coisa muito importante em qualquer possibilidade de relação sexual. E isso é fundamental para uma adolescente que não tenha outra possibilidade de diálogo.
As ilustrações deste post são páginas escaneadas da própria revista. Infelizmente não consegui colocar legendas.


Vencedores do II For Rainbow

Como não tive oportunidade de acompanhar a maioria dos filmes devido aos horários em que eram exibidos, também não tive como assistir ao último dia do Festival. Mas coloco aqui o link de um blogueiro quer teve condições de acompanhar a premiação e outros momentos do evento.

http://cineclick.uol.com.br/noticias/index.php?id_noticia=20669

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Só ser de graça não basta

Eventos culturais podem elitizar seu público devido a dificuldade de transporte à noite



Mateus Brandão, 17, estudante, ficou até o final da abertura do II For Rainbow, no Cine São Luis. A programação terminou por volta das 22:30h. “Moro na Caucaia, preciso pegar o ônibus na Duque de Caxias, acima da Imperador.” Mateus ironiza: “Fora o medo de andar pelo Centro completamente deserto, nenhum problema.”

No penúltimo dia do Festival, o início da programação estava planejado para as 19:30h, mas devido a uma coletiva de imprensa dada por Ney Matogrosso, a produção adiou o início em uma hora.

O assessor de imprensa do FR, Paulo Junior, 25, afirma que a programação foi pensada levando em conta as pessoas que dependem do transporte público para se deslocar. “Apesar do horário, a programação dura apenas duas horas. Infelizmente acontecem imprevistos e as coisas podem não acontecer como gostaríamos”.

Apesar da dificuldade, Paulo acredita que o horário do Festival não exclui pessoas que não tenham carro. “O Festival não é somente a mostra que acontece à noite, também há programação à tarde e pela manhã, em outros locais. Além disso, o Centro tem seu próprio movimento. O fato de ser no Centro favorece que as pessoas que trabalharam durante o dia aqui no bairro permaneçam direto”.

O Centro da cidade tem importantes espaços culturais. Locais como o Museu do Ceará, o cine São Luis, o Teatro José de Alencar e mesmo a Praça do Ferreira, freqüentemente são cenários de manifestações culturais gratuitas ou a baixo custo. Mas apenas isso não é suficiente para tornar acessível a cultura à população.

Muitas vezes a programação dos centros culturais e teatros começa tarde, pelo menos às 20:00h. Para quem consegue ficar, o grande desafio é voltar para casa. Quem sai do Teatro José de Alencar, por exemplo, às 22:00h encontra a praça em frente quase deserta. Mas pior ainda é ter que andar vários quarteirões para pegar um ônibus. Isso quando ainda há ônibus disponíveis.

domingo, 7 de setembro de 2008

Violência contra a mulher é capa do Jornal O Povo

A maior dificuldade de denunciar está
ligada a laços afetivos com o agressor(a)


A matéria de capa do jornal O Povo de hoje fala da quantidade de processos resultantes de denúncias de violência contra a mulher atualmente: um a cada duas horas. De acordo com a matéria, essa quantidade é reflexo direto da Lei Maria da Penha. As denúncias teriam aumentado pois as mulheres agora estão tendo mais acesso a informações.


Com essa lei, as mulheres podem denunciar casos de violência não apenas de marido contra a mulher, mas também de companheiras, parentes (inclusive filhos) ou pessoas agregadas na casa. Além disso, a vítima não deve prestar depoimento com a presença do acusado (um absurdo, mas acontece) e é protegida inclusive do contato com ele no decorrer do processo. E muito importante: violência cometida por mulheres contra mulheres também conta.


Além do medo, também podem existir laços afetivos entre agressor e vítima por isso tantas desistem de ir até o fim dos processos. Apesar disso, acredito que o aumento das denúncias é um avanço. As mulheres precisam perceber que aguentar violência não é prova de amor, e sim falta de auto-estima.

* Leia a matéria do jornal O Povo
* Conheça a Lei Maria da Penha



For Rainbow - por que em inglês?




A tendência de usar palavras em outras línguas (principalmente o inglês) em títulos ainda incomoda aqueles que preferem valorizar o português brasileiro. Eventos como o "Ceará Music" e expressões como 50 % off ao invés de 50 % de desconto muitas vezes utilizam substituições talvez desnecessárias com o argumento de parecerem mais "descoladas".

O For Rainbow é um desses casos, onde a proposta é libertar-se de estereótipos, valorizar e tornar acessível a cultura. Usar desse estrangeirismo é, no mínimo, uma contradição.

Verônica Guedes, 51, jornalista, cineasta e diretora do evento, justifica a escolha do nome: "Complicada essa questão de língua. Não tenho preconceito com língua nenhuma, mas precisávamos de um nome que pegasse rápido já que a idéia é internacionalizar o Festival. Além do mais , a intenção é juntar o For de Fortaleza com Rainbow(que significa arco-íris), fazer alusão à cidade."

Para Ana Patrícia Maciel, 37, professora de Leitura e Produção de Textos no curso de Jornalismo da FIC, o inglês não é mais apenas um idioma. "A língua inglesa não é mais propriedade de uma nação, ela é a língua do comércio, das negociações. Se você quer abrir uma loja no Iguatemi, por exemplo, espera-se um nome que tenha uma boa sonoridade. E o inglês dá um certo status. Se for visto nessa perpectiva comercial, não tem problema."

Quando explico o significado do nome e a idéia do evento, a professora estranha. "Não sei se foi uma boa escolha porque como esse For está atrelado a outra palavra inglesa, é difícil perceber que quer dizer Fortaleza. Dava para escolher palavras na nossa língua que passassem melhor a idéia do Festival. Ficou estranho."

Fontes das imagens:

Abertura do II For Rainbow no Cine São Luis

Cena do filme "Onde andará Dulce Veiga?"

Em 5 de setembro, a abertura do II For Rainbow aconteceu no Sesc Luis Severiano Ribeiro (Cine São Luis)". O evento teve a presença de cineastas e estudantes de artes cênicas, representantes do movimento LGBTT e integrantes do júri, dentre eles a atriz Lúcia Veríssimo, admirada por muitos militantes do movimento. A presença de Ney Matogrosso em pelo menos dois dias de festival também vem sendo comentada pela produção. “A Lúcia está como júri. O Ney ajuda a dar visibilidade. Como ele está em Fortaleza para seu show (realizado ontem no Siará Hall), ficará até segunda.”, afirma Marjorie Nepomuceno, 40, produtora do II For Rainbow.

Para Marjorie, os maiores diferenciais deste ano são o I Fórum de turismo GLS de Fortaleza e a presença de filmes e cineastas premiados em grandes festivais internacionais. "A consistência do Festival de Berlim, Turim, Itália... Não é porque é de fora, mas é importante! Já a presença de produções cearenses do segmento ainda é tímida. Acho que poderia ter mais produção. Não entra mais porque a moçada não faz”.

Foram exibidos o curta-metragem "Oh my own" e o longa "Onde andará Dulce Veiga?".

sábado, 6 de setembro de 2008

II For Rainbow - Festival de cinema aborda temática LGBTT

Cartaz de divulgação do II For Rainbow


Com a proposta de estimular a produção cultural(de qualidade) voltada/sobre o público LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e combater a homofobia, é realizado de 5 a 9 de setembro, em Fortaleza, o II For Rainbow. Além da mostra competitiva de filmes, serão realizados também seminários e oficinas, com temáticas ligadas ao segmento. Outros longas e curtas internacionais serão exibidos durante o festival.


Para participar, basta trocar 2 quilos de alimento por credenciais válidas durante os 4 dias de festival (a participação não é gratuita, como foi divulgado inclusive na cerimônia de abertura). As credenciais poderão ser adquiridas nos locais de realização: Sesc Iracema, Theatro José de Alencar, Casa Amarela Eusélio de Oliveira e Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro (Cine São Luis).

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* Site oficial