terça-feira, 23 de setembro de 2008

Legalização do aborto - Direito ao corpo

Fonte da imagem: http://direitoaopropriocorpo.blogspot.com/


No dia 28 de setembro é celebrado o dia internacional de luta pela legalização do aborto. O dia é marcado por lutas e manifestações de movimentos feministas e outros movimentos sociais. A causa garante liberdade de escolha às mulheres, e autonomia e desligamento de ideologias religiosas num estado laico. Ai, como eu tenho raiva de como se fazem reportagens sobre o aborto! A mídia entrevista mais padres do que mulheres!




O Estado é laico! Não somos obrigadas a agir conforme a religião de ninguém!




Numa enquete publicada neste blog 3 pessoas votaram, e a maioria (2) disse sim à legalização do aborto. Continuem participando das enquetes!


12 razões para legalizar o aborto

1 . ELA GARANTE A AUTONOMIA DAS MULHERES, respeitando sua capacidade de pensar, decidir e agir de acordo com seus próprios valores e concepções e considera que elas podem fazer isto de forma responsável e ética.


2. SÃO MUITOS OS MOTIVOS QUE LEVAM UMA MULHER A ABORTAR: não se sentir preparada para ser mãe; ter sido abandonada pelo "companheiro"; porque perderá o emprego; porque será expulsa de casa; por não ter como sustentar mais uma criança; porque engravidou de um estupro no casamento ou porque não quer ter filhos/as. Seja qual for o motivo, não cabe à sociedade, a Igreja, a mídia ou qualquer outra instituição julgá-la e muito menos condená-la.


3. A CRIMINALIZAÇÃO NÃO IMPEDE AS MULHERES DE ABORTAR. Quando uma mulher se vê diante de uma gravidez que ela não deseja ou que, por algum motivo, não pode manter, ela aborta de qualquer jeito, mesmo correndo risco de morte: tomando chás, xaropadas, se perfurando com agulhas, arames ou outro objeto qualquer.


4. O ABORTO É HOJE UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA. Devido ao grande número de mulheres que faz aborto na clandestinidade, no Brasil, o aborto é a quarta causa de morte materna e o responsável por inúmeros casos de esterilização e outras complicações.


5. A CRIMINALIZAÇÃO MANTÉM UMA SITUAÇÃO DE PRIVILÉGIO. As mulheres ricas
(geralmente brancas) têm como pagar uma boa clínica para fazer um aborto rápido e seguro. Já as demais (geralmente pobres, jovens e negras) têm que se submeter a procedimentos inseguros que colocam sua vida em risco.


6. NENHUM MÉTODO ANTICONCEPCIONAL É 100% SEGURO. Todos os métodos hoje
disponíveis podem falhar, levando mulheres a uma gravidez inesperada. Até a vasectomia, o
método mais seguro, falha em 5% dos casos. Assim, qualquer mulher que tiver uma relação sexual pode se ver diante de uma gravidez que ela pode querer ou não levar adiante.


7. A CRIMINALIZAÇÃO EXPRESSA UMA CULTURA MACHISTA. Nenhuma mulher engravida
sozinha, mas os homens não são responsabilizados pela gravidez nem por evitá-la. Esta responsabilidade é imputada somente às mulheres e só elas arcam com as conseqüências.


8. NÃO HÁ DEFINIÇÃO CERTA DE QUANDO COMEÇA A 'VIDA'. Inúmeras teorias tentam explicar quando começa a vida humana, mas nenhuma delas é consenso ou está plenamente comprovada. Dessa forma, nenhuma delas, mesmo que defendida por instituições religiosas, deve interferir nas políticas públicas ou sobre o corpo das mulheres.


9. A ILEGALIDADE CONDENA AS MULHERES A MORTE E A MALTRATOS. Tanto as mulheres que abortam espontaneamente como as que provocam o aborto, quando chegam a um serviço público de saúde com abortamento em curso ou um sangramento vaginal qualquer, são tratadas como criminosas. São maltratadas, humilhadas, massacradas e até presas injustamente.


10. A MATERNIDADE É UM DIREITO E NÃO UMA OBRIGAÇÃO. Para a maioria das mulheres a maternidade é muita esperada e desejada, por isso, ela deve ser um ato voluntário, de liberdade e de amor. Obrigar uma mulher a levar adiante uma gravidez que ela não deseja é tornar a maternidade algo vil, menor, desprovido de amor e carinho.


11. LEGALIZAR O ABORTO NÃO OBRIGA NENHUMA MULHER A PRATICÁ-LO. Apenas garante o direito das mulheres de fazê-lo, definindo em que circunstâncias, em que período da gravidez, onde e quem (que profissional) pode fazer o procedimento.


12. O ESTADO BRASILEIRO É LAICO. Em uma sociedade democrática, o Estado laico significa a
separação entre poder político e as instituições religiosas, e a não admissão de interferência direta de um determinado poder religioso nas questões do Estado. Sendo o Estado brasileiro laico, este não pode determinar suas leis mediante qualquer convicção religiosa.


Fonte: Fórum cearense de mulheres

domingo, 14 de setembro de 2008

Domingão do Faustão - Quem aguenta chegar lá?

Violência não é só bater



Acaba de terminar o quadro "Quem chega lá?" onde os humoristas precisam conseguir ficar por um determinado tempo no palco, sem serem eliminados pela falta de risadas da platéia.

Durante todo tempo de quadro, uma infinidade de piadas homofóbicas e machistas. De travesti, de "desenho gay" , de mulher feia e mulher bonita...

A pérola do domingo passado: "Sabe aquela mulher que se não fosse gorda, era perfeita?"
E uma horrível, deste domingo: "Por isso o Ronaldinho anda engordando desse jeito! É de tanto consumir gordura trans!" (um trocadilho com transexual, por causa daquela caso com travestis)

Triste retrato de nossos humoristas que ainda precisam reforçar preconceitos e diminuir as pessoas, porque não sabem fazer humor de outra forma. E o Faustão (em bom cearensês) se abre, a platéia cai na gargalhada e depois sai na rua lutando contra o preconceito...

Agora a pergunta: Porque que o João Kleber cai, mas o Faustão não cai? Globo, meu bem. Globo!

E eu fico com o Rappa: "Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo/procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido"

Capricho de setembro traz adolescente que foi obrigada a fazer dieta

Mas que tipo de padrões são reforçados pela revista?



Uma matéria da revista Capricho da primeira quinzena deste mês me chamou a atenção: "Minha mãe faz pressão para eu emagrecer". A matéria era anunciada na capa da revista e é parte da sessão "Vida real", onde uma garota conta uma história não-fictícia sobre sua vida.

A matéria fala sobre uma garota que se sente bem com seu corpo mas que vive fazendo dietas por insistência da própria mãe. Por causa disso, acabou desenvolvendo distúrbios alimentares já superados por sessões de terapia.

No texto, há alertas para que as meninas tomem cuidado com a própria saúde, inclusive dando dicas sobre como agir caso passem por situações semelhantes. Além disso passa uma mensagem super "sinta-se bem como você é".

Em compensação...

Nas outras matérias (principalmente as de moda), as modelos são magérrimas, bem ao estilo musas da anorexia. Além disso, toda a publicidade (que ocupa uma porcentagem enorme na revista) reforça o padrão de beleza ditador das passarelas. As matérias que falam de dietas, sempre alertam para procurar um nutricionista e fazer o IMC (índice de massa corpórea) para verificar se realmente a pessoa precisa perder peso. Só que todas reforçam o padrão magro.

A matéria de destaque na capa "O jeans perfeito", fala da escolha certa para cada tipo de corpo. Aí cita as mais "cheinhas", mas as modelos com esse tipo de corpo não ilustram quaisquer outras sessões, matérias ou propagandas na revista.

É notável que esse tipo de padrão é muito reforçado e que a mídia bombardeia as jovens mulheres com essa mensagem. A produção cultural voltada ao público feminino adolescente, vende a mensagem rosa, magra e consumista. Você pode até ter uma personagem gordinha querida por todos e tal. Mas quando ela será a protagonista? Ou quando ela deixará de ser a única com esse biotipo em toda a trama das novelas adolescentes?


Mas nem tudo é ruim

Uma das matérias fala sobre os diferentes tipos de família, inclusive uma onde a menina tem duas mães. Achei muito bacana e construtivo. E as ilustrações são lindas!

E nessas revistas gosto muito das sessões que abordam sexualidade e prevenção. As informações são claras e têm sempre apoio profissional. Lembro que quando eu era adolescente, lia todas e sempre tive a prevenção como uma coisa muito importante em qualquer possibilidade de relação sexual. E isso é fundamental para uma adolescente que não tenha outra possibilidade de diálogo.
As ilustrações deste post são páginas escaneadas da própria revista. Infelizmente não consegui colocar legendas.


Vencedores do II For Rainbow

Como não tive oportunidade de acompanhar a maioria dos filmes devido aos horários em que eram exibidos, também não tive como assistir ao último dia do Festival. Mas coloco aqui o link de um blogueiro quer teve condições de acompanhar a premiação e outros momentos do evento.

http://cineclick.uol.com.br/noticias/index.php?id_noticia=20669

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Só ser de graça não basta

Eventos culturais podem elitizar seu público devido a dificuldade de transporte à noite



Mateus Brandão, 17, estudante, ficou até o final da abertura do II For Rainbow, no Cine São Luis. A programação terminou por volta das 22:30h. “Moro na Caucaia, preciso pegar o ônibus na Duque de Caxias, acima da Imperador.” Mateus ironiza: “Fora o medo de andar pelo Centro completamente deserto, nenhum problema.”

No penúltimo dia do Festival, o início da programação estava planejado para as 19:30h, mas devido a uma coletiva de imprensa dada por Ney Matogrosso, a produção adiou o início em uma hora.

O assessor de imprensa do FR, Paulo Junior, 25, afirma que a programação foi pensada levando em conta as pessoas que dependem do transporte público para se deslocar. “Apesar do horário, a programação dura apenas duas horas. Infelizmente acontecem imprevistos e as coisas podem não acontecer como gostaríamos”.

Apesar da dificuldade, Paulo acredita que o horário do Festival não exclui pessoas que não tenham carro. “O Festival não é somente a mostra que acontece à noite, também há programação à tarde e pela manhã, em outros locais. Além disso, o Centro tem seu próprio movimento. O fato de ser no Centro favorece que as pessoas que trabalharam durante o dia aqui no bairro permaneçam direto”.

O Centro da cidade tem importantes espaços culturais. Locais como o Museu do Ceará, o cine São Luis, o Teatro José de Alencar e mesmo a Praça do Ferreira, freqüentemente são cenários de manifestações culturais gratuitas ou a baixo custo. Mas apenas isso não é suficiente para tornar acessível a cultura à população.

Muitas vezes a programação dos centros culturais e teatros começa tarde, pelo menos às 20:00h. Para quem consegue ficar, o grande desafio é voltar para casa. Quem sai do Teatro José de Alencar, por exemplo, às 22:00h encontra a praça em frente quase deserta. Mas pior ainda é ter que andar vários quarteirões para pegar um ônibus. Isso quando ainda há ônibus disponíveis.

domingo, 7 de setembro de 2008

Violência contra a mulher é capa do Jornal O Povo

A maior dificuldade de denunciar está
ligada a laços afetivos com o agressor(a)


A matéria de capa do jornal O Povo de hoje fala da quantidade de processos resultantes de denúncias de violência contra a mulher atualmente: um a cada duas horas. De acordo com a matéria, essa quantidade é reflexo direto da Lei Maria da Penha. As denúncias teriam aumentado pois as mulheres agora estão tendo mais acesso a informações.


Com essa lei, as mulheres podem denunciar casos de violência não apenas de marido contra a mulher, mas também de companheiras, parentes (inclusive filhos) ou pessoas agregadas na casa. Além disso, a vítima não deve prestar depoimento com a presença do acusado (um absurdo, mas acontece) e é protegida inclusive do contato com ele no decorrer do processo. E muito importante: violência cometida por mulheres contra mulheres também conta.


Além do medo, também podem existir laços afetivos entre agressor e vítima por isso tantas desistem de ir até o fim dos processos. Apesar disso, acredito que o aumento das denúncias é um avanço. As mulheres precisam perceber que aguentar violência não é prova de amor, e sim falta de auto-estima.

* Leia a matéria do jornal O Povo
* Conheça a Lei Maria da Penha



For Rainbow - por que em inglês?




A tendência de usar palavras em outras línguas (principalmente o inglês) em títulos ainda incomoda aqueles que preferem valorizar o português brasileiro. Eventos como o "Ceará Music" e expressões como 50 % off ao invés de 50 % de desconto muitas vezes utilizam substituições talvez desnecessárias com o argumento de parecerem mais "descoladas".

O For Rainbow é um desses casos, onde a proposta é libertar-se de estereótipos, valorizar e tornar acessível a cultura. Usar desse estrangeirismo é, no mínimo, uma contradição.

Verônica Guedes, 51, jornalista, cineasta e diretora do evento, justifica a escolha do nome: "Complicada essa questão de língua. Não tenho preconceito com língua nenhuma, mas precisávamos de um nome que pegasse rápido já que a idéia é internacionalizar o Festival. Além do mais , a intenção é juntar o For de Fortaleza com Rainbow(que significa arco-íris), fazer alusão à cidade."

Para Ana Patrícia Maciel, 37, professora de Leitura e Produção de Textos no curso de Jornalismo da FIC, o inglês não é mais apenas um idioma. "A língua inglesa não é mais propriedade de uma nação, ela é a língua do comércio, das negociações. Se você quer abrir uma loja no Iguatemi, por exemplo, espera-se um nome que tenha uma boa sonoridade. E o inglês dá um certo status. Se for visto nessa perpectiva comercial, não tem problema."

Quando explico o significado do nome e a idéia do evento, a professora estranha. "Não sei se foi uma boa escolha porque como esse For está atrelado a outra palavra inglesa, é difícil perceber que quer dizer Fortaleza. Dava para escolher palavras na nossa língua que passassem melhor a idéia do Festival. Ficou estranho."

Fontes das imagens:

Abertura do II For Rainbow no Cine São Luis

Cena do filme "Onde andará Dulce Veiga?"

Em 5 de setembro, a abertura do II For Rainbow aconteceu no Sesc Luis Severiano Ribeiro (Cine São Luis)". O evento teve a presença de cineastas e estudantes de artes cênicas, representantes do movimento LGBTT e integrantes do júri, dentre eles a atriz Lúcia Veríssimo, admirada por muitos militantes do movimento. A presença de Ney Matogrosso em pelo menos dois dias de festival também vem sendo comentada pela produção. “A Lúcia está como júri. O Ney ajuda a dar visibilidade. Como ele está em Fortaleza para seu show (realizado ontem no Siará Hall), ficará até segunda.”, afirma Marjorie Nepomuceno, 40, produtora do II For Rainbow.

Para Marjorie, os maiores diferenciais deste ano são o I Fórum de turismo GLS de Fortaleza e a presença de filmes e cineastas premiados em grandes festivais internacionais. "A consistência do Festival de Berlim, Turim, Itália... Não é porque é de fora, mas é importante! Já a presença de produções cearenses do segmento ainda é tímida. Acho que poderia ter mais produção. Não entra mais porque a moçada não faz”.

Foram exibidos o curta-metragem "Oh my own" e o longa "Onde andará Dulce Veiga?".

sábado, 6 de setembro de 2008

II For Rainbow - Festival de cinema aborda temática LGBTT

Cartaz de divulgação do II For Rainbow


Com a proposta de estimular a produção cultural(de qualidade) voltada/sobre o público LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e combater a homofobia, é realizado de 5 a 9 de setembro, em Fortaleza, o II For Rainbow. Além da mostra competitiva de filmes, serão realizados também seminários e oficinas, com temáticas ligadas ao segmento. Outros longas e curtas internacionais serão exibidos durante o festival.


Para participar, basta trocar 2 quilos de alimento por credenciais válidas durante os 4 dias de festival (a participação não é gratuita, como foi divulgado inclusive na cerimônia de abertura). As credenciais poderão ser adquiridas nos locais de realização: Sesc Iracema, Theatro José de Alencar, Casa Amarela Eusélio de Oliveira e Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Ribeiro (Cine São Luis).

* Acesse a programação do evento
* Site oficial