domingo, 14 de setembro de 2008

Capricho de setembro traz adolescente que foi obrigada a fazer dieta

Mas que tipo de padrões são reforçados pela revista?



Uma matéria da revista Capricho da primeira quinzena deste mês me chamou a atenção: "Minha mãe faz pressão para eu emagrecer". A matéria era anunciada na capa da revista e é parte da sessão "Vida real", onde uma garota conta uma história não-fictícia sobre sua vida.

A matéria fala sobre uma garota que se sente bem com seu corpo mas que vive fazendo dietas por insistência da própria mãe. Por causa disso, acabou desenvolvendo distúrbios alimentares já superados por sessões de terapia.

No texto, há alertas para que as meninas tomem cuidado com a própria saúde, inclusive dando dicas sobre como agir caso passem por situações semelhantes. Além disso passa uma mensagem super "sinta-se bem como você é".

Em compensação...

Nas outras matérias (principalmente as de moda), as modelos são magérrimas, bem ao estilo musas da anorexia. Além disso, toda a publicidade (que ocupa uma porcentagem enorme na revista) reforça o padrão de beleza ditador das passarelas. As matérias que falam de dietas, sempre alertam para procurar um nutricionista e fazer o IMC (índice de massa corpórea) para verificar se realmente a pessoa precisa perder peso. Só que todas reforçam o padrão magro.

A matéria de destaque na capa "O jeans perfeito", fala da escolha certa para cada tipo de corpo. Aí cita as mais "cheinhas", mas as modelos com esse tipo de corpo não ilustram quaisquer outras sessões, matérias ou propagandas na revista.

É notável que esse tipo de padrão é muito reforçado e que a mídia bombardeia as jovens mulheres com essa mensagem. A produção cultural voltada ao público feminino adolescente, vende a mensagem rosa, magra e consumista. Você pode até ter uma personagem gordinha querida por todos e tal. Mas quando ela será a protagonista? Ou quando ela deixará de ser a única com esse biotipo em toda a trama das novelas adolescentes?


Mas nem tudo é ruim

Uma das matérias fala sobre os diferentes tipos de família, inclusive uma onde a menina tem duas mães. Achei muito bacana e construtivo. E as ilustrações são lindas!

E nessas revistas gosto muito das sessões que abordam sexualidade e prevenção. As informações são claras e têm sempre apoio profissional. Lembro que quando eu era adolescente, lia todas e sempre tive a prevenção como uma coisa muito importante em qualquer possibilidade de relação sexual. E isso é fundamental para uma adolescente que não tenha outra possibilidade de diálogo.
As ilustrações deste post são páginas escaneadas da própria revista. Infelizmente não consegui colocar legendas.


Um comentário:

Lídia Rodrigues disse...

As revistas de "interatividade para adolescentes" são verdadeiras violadoras de direitos que fometam em milhares de meninas a insatisfação com seu corpo, impondo ainda mais a necessidade de consumo, em contraponto tentam cumprir um tipo mediocre de responsabilidade social, o que está bem longe de ser ao meu ver elogiável... enfim é tão complexo o debate porque inclusive se a revista está mostrando diferentes modelos de familia não é por uma perspectiva emancipadora e sim porque a demanda e pressão em cima disso são grande, as pessoas querem ouvir falar sobre isso porque está em pauta...