domingo, 14 de setembro de 2008

Domingão do Faustão - Quem aguenta chegar lá?

Violência não é só bater



Acaba de terminar o quadro "Quem chega lá?" onde os humoristas precisam conseguir ficar por um determinado tempo no palco, sem serem eliminados pela falta de risadas da platéia.

Durante todo tempo de quadro, uma infinidade de piadas homofóbicas e machistas. De travesti, de "desenho gay" , de mulher feia e mulher bonita...

A pérola do domingo passado: "Sabe aquela mulher que se não fosse gorda, era perfeita?"
E uma horrível, deste domingo: "Por isso o Ronaldinho anda engordando desse jeito! É de tanto consumir gordura trans!" (um trocadilho com transexual, por causa daquela caso com travestis)

Triste retrato de nossos humoristas que ainda precisam reforçar preconceitos e diminuir as pessoas, porque não sabem fazer humor de outra forma. E o Faustão (em bom cearensês) se abre, a platéia cai na gargalhada e depois sai na rua lutando contra o preconceito...

Agora a pergunta: Porque que o João Kleber cai, mas o Faustão não cai? Globo, meu bem. Globo!

E eu fico com o Rappa: "Mas não me deixe sentar na poltrona num dia de domingo/procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido"

5 comentários:

Knox disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Knox disse...

Renato Aragão já disse: "Está difícil fazer humor hoje em dia, todo mundo se ofende e protesta". Infelizmente o humor tem que agredir alguém, muita gente não gosta de piadas homofóbicas, mas se diverte quando detonam o Presidente da República, cada um se ofende com certas coisas. Eu, por exemplo, nem ligo quando usam o estereótipo do cearense cabeça-chata e fazem piadas com gente da nossa terra; prefiro tir (se a piada for boa, é claro), e olha que cearense adora fazer piada com cearense. O ideal seria bons humoristas, boas piadas e zero de preconceito, mas acho que isso não passa de utopia.

Para refletir: se te contassem uma boa piada feminista, rebaixando a figura masculina, você riria ou não?

Michelly Nunes disse...

Seu texto está muito bom. Parabéns! Seu blog está cumprindo o que propôs no início. Vamos continuar postando...

Sheryda Lopes disse...

Muito obrigada por comentar, espero que você sempre visite o blog! Discussões sempre serão bem-vindas. Agora, respondendo:
Existem as piadas utilizadas de forma crítica e que servem para protestar. Piadas a respeito de política são bom exemplo disso: elas servem para mostrar que a população está insatisfeita, mostrar um determinado ponto de vista. Agora, se a piada é porque o Presidente não tem um dedo, por exemplo, só serve para atacar a figura pessoal dele, não conscientiza e nem contribui para a transformação social.
Eu não concordo que "cearense adora fazer piada com cearense". Acho que isso é generalizar demais, como dizer que todo cearense adora comer rapadura, por exemplo. E quase sempre essas piadas riem de problemas sociais sérios, como a seca e a imigração. Não acho legal.

E não, eu não gosto de piadas que rebaixam a figura masculina. Até porque o feminismo não se baseia em detestar os homens, em rebaixá-los. Essa é uma idéia equivocada sobre o movimento. As feministas combatem o patriarcado, que é o sistema onde o homem é superior, domina a mulher. Nesse sistema, as mulheres são colocadas num patamar inferior, servem só para ajudar os homens e serem bonitas para eles. Mas não queremos a inversão dos papéis (dominar os homens), e sim a igualdade entre os gêneros.

Lídia Rodrigues disse...

Bela crítica moça... A televisão é a driga mais perigosa que conheço porque acaba com o senso critico em massa, constroi pessoas que riem de coisas que só ofendem elas mesmas... O humor pode ser politizado e reflexivo, contruir pessoas mais inteligentes e criticas, a televisão tem que deixar de vender bobagens e cumprir seu papel social... Acho que temos que discutir nessa perspectiva as conseções públicas, e mecanismos de controle de mídia.